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sexta-feira, 20 de maio de 2011

Estudioso da Bíblia afirma que 11 livros do Novo Testamento foram escritos por impostores


O Novo Testamento, em 2 Timóteo 4:7, o apóstolo Paulo afirma: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.”

Trata-se de uma passagem das mais dramáticas da Bíblia, porque afinal Paulo fez a afirmação momento antes de ser executado em Roma. Uma passagem que tem alimentado a fé de cristãos nesses dois mil anos.

Só tem um problema: Paulo não disse nada disso. A frase foi inventada e colocada na Bíblia como se fosse do apóstolo. É o que garante o americano Bart D. Ehrman, um respeitado estudioso da Bíblia.

Ehrman acaba de lançar o livro “Forjado” que tem indignado cristãos de todo mundo, porque ali ele diz provar que pelo menos 11 dos 27 livros do Novo Testamento são falsificações.

“Havia muita gente no mundo antigo que recorreu à mentira por achar que estava prestando um serviço a um bem maior”, disse.

As evidências disso são tantas, que ele estranha o fato delas passarem despercebidas. Como exemplo, citou o caso dos apóstolos Pedro e João, que estão entre os autores do Novo Testamento, embora fossem analfabetos.

No “Forjado” ele transcreveu Atos 4:13 (“Ao verem a intrepidez de Pedro e João, sabendo que eram homens iletrados e incultos, admiraram-se”) para explicar que os dois apóstolos são descritos na escritura em grego como “analfabetos”, literalmente, e não como “iletrados”, que deixa margem para dúvida se sabiam escrever ou se eram pessoas simples, porém alfabetizadas.

Ehrman disse ter evidências suficientes para garantir que os evangelhos, quando começaram a ser difundidos, não tinham autorias — o que, aliás, era comum com qualquer tipo de texto naquela época. Os nomes atuais, afirmou, foram adicionados posteriormente por copistas.

O estudioso afirmou que seu livro se atém mais ao Paulo porque uma parte significativa do Novo Testamento é atribuída a esse apóstolo.

As suas conclusões se basearam também nos diferentes estilos de texto da Bíblia e em suas contradições. Apontou, como exemplo, os escritos de Efésios, os quais em grego são compostos por frases longas, o que é bem diferente da escrita de Paulo.

“Não há nada de errado com as sentenças extremamente longas em grego, mas essa não é maneira de Paulo escrever”, disse. “É como Mark Twain e William Faulkner: ambos escreveram corretamente, mas não dá para confundir um com outro”.

Uma das mais flagrantes contradições, segundo ele, está em 1 Coríntios, onde Paulo primeiro convoca as mulheres para se manifestar na igreja e alguns capítulos depois afirma que elas devem permanecer caladas e, se quiserem aprender alguma coisa, teriam de perguntar em casa ao marido. É óbvio que os dois textos, segundo Ehrman, não foram escritos pela mesma pessoa.

O estudioso disse que o propósito dos forjadores dos textos bíblicos foi acalmar os ânimos dos líderes da igreja primitiva, porque entre eles havia muita discordância sobre como tratar as mulheres, o relacionamento entre senhores e escravos, como teriam de ser os ritos e por aí vai.

Assim, como diferentes grupos disputam entre si o poder da seita,eles introduziram na Bíblia textos que atendessem aos seus interesses. “Se você fosse um joão-ninguém, não assinaria o seu texto com o seu próximo nome, mas como Pedro e João.”

Ehrman espera que o seu livro ajude as pessoas a aceitarem algo que ele próprio demorou em reconhecer. Ele foi um religioso fundamentalista e hoje é agnóstico.

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