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quarta-feira, 27 de maio de 2009

SOLIDÃO:
É IMPOSSÍVEL SER FELIZ SOZINHO OU É MELHOR ESTAR SÓ DO QUE MAL ACOMPANHADO?

O filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976) afirma, em sua obra intitulada “Ser e Tempo”, que estar só é a condição original de todo ser humano, e que cada um de nós é só no mundo. É como se o nascimento fosse uma espécie de lançamento da pessoa à sua própria sorte, acredita.

Ainda de acordo com Heidegger, o homem só pode ser considerado um ser autêntico quando aceita a solidão como o preço de sua própria liberdade. Em outras palavras, quando se está só, não se sente a responsabilidade da existência, uma vez que, nesta condição, vive-se exclusivamente para si. No estado de solidão, também não se corre o risco de experimentar o gosto amargo da frustração por não atingir objetivos. O isolamento não traz cobranças, tampouco expectativas próprias ou de terceiros.

Mas apesar de tudo e de toda a liberdade física e emocional proporcionada pelo estado de solidão, é possível ser feliz sozinho? Para muitos filósofos, e também para Heidegger, sim, e essa é também a grande questão da existência.

Para os adeptos dessa teoria, a solução para o sentimento de solidão não é encontrar uma pessoa para preencher o vazio existencial, não é encontrar um passatempo ou realizar-se financeira e profissionalmente, tampouco é encontrar uma estratégia para driblar a falta de companhia. A solução é aceitar que se está só no mundo. Simplesmente isso. Mas será que agir desta forma é realmente o segredo da felicidade? Não conseguir aceitar a solidão pode ser, então, o motivo para que tantos sofram?


Por outro lado, existem defensores árduos de uma lei antropológica que diz que “nenhum homem é capaz de sobreviver completamente isolado da sociedade”. O clássico filme “O Enigma de Kasper Hauser” retrata bem essa premissa. Isolado do mundo até os 17 anos, Kasper Hauser, ao ser libertado, comportava-se com ser vegetal, sem nenhum “repertório” de personalidade ou autossuficiência.


Todo indivíduo, como bem mostra o filme, é um ser sócio-histórico que se condiciona aos hábitos do meio em que vive, ou seja, é o reflexo do conjunto de suas relações sociais. Portanto, também todos os traços físicos e mentais são, ao mesmo tempo, modelados genética e ambientalmente, e não apenas através de processos biológicos.


A primeira etapa de formação do indivíduo, segundo essa premissa, seria moldada através do convívio familiar, época em que ele interage com pai, mãe, irmãos e demais parentes. A segunda viria da relação homem-mulher, na fase adulta. “Portanto, quando uma dessas etapas é eliminada, acaba-se com a proposta de ser autêntico, tão defendida por Heidegger”, alegas os seguidores dessa linha filosófica.


Impossível dizer com exatidão quem está certo e quem está errado nesse cenário, mesmo porque a liberdade da solidão muitas vezes é imposta. E felicidade não se impõe. Se conquista.

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