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quarta-feira, 9 de março de 2011

Evangélica publica fotos do filho vestido de menina e protesta contra sua igreja que ameaça expulsa-la

Nos EUA, o Halloween tem a mesma tradição do carnaval do Brasil. Pessoas gostam de se fantasiar e sair na rua usando vestidos de “personagens”. Mas até hoje o uso de uma fantasia está gerando um grande problema para a blogueira que assina como Cop’s Wife [Esposa do Tira]. No Halloween do ano passado, ela deixou seu filho de 5 anos de idade ir vestido como a Daphne, do desenho Scooby Doo, numa festa promovida pela pré-escola de seu filho, que pertence a uma igreja. Ela escreveu sobre isso em seu blog e postou fotos do menino. O título era ”My Son is Gay – Or he’s not. I don’t care” [Meu filho é gay - ou não é. Eu não me importo".Visite: Gospel +, Noticias Gospel, Videos Gospel, Musica Gospel

Rapidamente a postagem se tornou um viral, gerando mais de 46.000 comentários no blog dela.

O buzz foi tão grande, que ela acabou indo sendo entrevistada pelo programa de televisão TODAY, da rede NBC, um dos jornais matutinos de maior audiência dos EUA. Ela diz que foi ao programa defender o direito de seu filho "ser diferente".

Uma pesquisa feita pelo programa naquela dia mostrou que 57% dos telespectadores deixariam seu filho vestir-se de mulher se desejasse; 19% disse que apenas no Halloween e 27% afirmaram que nunca permitiriam.

Com isso, a história tomou proporções nacionais. Grupos pró-gay usaram o fato para ilustrar o argumento que algumas pessoas "nascem gay". Mas essa fama instantânea teve um preço. A blogueira é membro da igreja evangélica dona da escola. A liderança da comunidade religiosa procurou a mãe e pediu que ela tirasse do ar a postagem e as fotos. Ela se negou.

O pastor decidiu tomar uma decisão mais drástica e usou os mecanismos de disciplina da igreja, informando que ela era "defensiva", "vingativa", "desrespeitosa", "arrogante" e afirmou que ela "cruzou uma linha".

Cop's Wife também relatou isso em seu blog, criticando as mães dos outros alunos que reclamaram e a posição da igreja. A questão passou a ser discutida por vários órgãos de imprensa e grupos religiosos americanos. Em seu post, ela escreveu: "Disseram que eu deveria fazer penitência. Não perguntaram como Boo [apelido de seu filho] estava”. Ela afirma ainda que recebeu comentários muito indelicados de pessoas de sua igreja e agora sente que está sendo intimidada por sua igreja. Algumas mães que frequentam sua igreja reclamaram que ela estava “promovendo a homossexualidade”

Algum tempo depois ela voltou a escrever sobre o assunto:

A segunda discussão foi um encontro presencial durante a qual meu filho estava presente. Entregaram-me uma cópia impressa da resposta da igreja. Houve uma reunião com alguns diáconos. Eles decidiram que eu tinha quebrado o 8º Mandamento e não segui Mateus 18. Disseram que alguns membros estavam preocupados que eu estava ‘promovendo a homossexualidade’. Eu nem sei o que isso significa. As palavras que escrevi não estavam promovendo nada além de amor incondicional e tolerância. Meu post foi sobre o bullying e como meu filho era tratado. Meu post era sobre uma criança de 5 anos de idade. O pastor disse que ‘tentou ficar furioso comigo, mas não conseguiu’. Eu não entendi e não entendo porque ele iria ficar com raiva de mim. Novamente, o bem-estar de Boo não foi mencionado. Mais de dois meses depois, fui chamada para uma outra reunião. Ao chegar, o pastor começou a falar sobre a minha necessidade de me desculpar pelas pessoas da igreja que eu tinha difamado[...] Ele ressaltou que eu precisava pedir desculpas. Eu discordei. Lembrei que a única menção sobre as “mães perfeitas” no post de Halloween dizia que eu não demonstrei má vontade para com elas e que aquele momento não deveria definir suas vidas.

O fato de ela ter criticado a postura da igreja e dos seus membros em um assunto que agora tinha atenção nacional gerou problemas adicionais. A autora do blog alega não aceitar a decisão de que ela precisa pedir desculpas e reconciliar-se com a igreja. Além disso, foram sugeridos 4 passos para ela restaurar sua relação com comunidade:

  1. Escrever um pedido de desculpas para as outras mães
  2. Apagar o post e as fotos do Hallowen
  3. Não escrever ou falar sobre as outras mães que a criticaram
  4. Ponderar se não seria melhor desativar seu blog.

Ao perguntar o que aconteceria se não concordasse, foi informada que sua falta de disposição em arrepender-se teria consequências. Ela seria impedida de receber a Santa Ceia. Além disso, se não buscasse o perdão, poderia ser desligada da congregação e não poderia ser transferida para outra igreja da denominação.

Inconformada, ela decidiu apelas para uma instância superior. Cop’s Wife conta que ligou para um conhecido, que ocupa um cargo mais alto na denominação. Algumas horas depois dessa ligação, recebeu um e-mail do pastor dizendo que ele reconsiderou o impedimento da Santa Ceia e que a igreja não a estava “ameaçando”. Não ouviu mais nada deles sobre o assunto desde então.

Com a popularidade adquirida pelo seu blog, logo as mais diversas opiniões foram postadas nos comentários. A grande reclamação da blogueira é não ter encontrado amor e perdão em sua igreja. Por isso decidiu se afastar e classificou-a de “lugar intolerante e desrespeitoso”. E acrescenta: “Para essa igreja não é certo alguém querer ser diferente. Para esse pastor, a aparência da igreja é mais importante do que uma criança. Essa não é a igreja na qual fui criada. Esse não é o Deus que eu conheço. Novamente digo a vocês que esse bullying não é correto, mesmo que coloque um laço de fita nele e chame de ‘cuidado espiritual’ “.

A mãe finalizou dizendo que nunca expôs o nome da igreja ou do pastor, mas que não se sente mais bem vinda em sua igreja. No final de fevereiro decidiu desligar-se da comunidade e entregar seu cargo de líder do grupo de mães. Disse ainda que decidiu tirar o filho da pré-escola mantida pela igreja, mas teme que ele seja prejudicado pois ama muito seus colegas e professores. E conclui: “Estou sem religião. Ao menos por enquanto. Mas não sem fé. Tenho fé em tantas coisas. Tenho fé em mim, na minha família, na bondade, na felicidade, na gentileza… É nessas coisas que tenho fé. Não mais na religião ou na igreja”.

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