
O presidente da Assembleia de Deus de Madureira, pastor Manoel Ferreira, que participou com Rodovalho de uma reunião na quarta-feira passada no escritório político de Dilma, em Brasília, convocada às pressas para frear a boataria, disse que uma resposta mais rápida poderia ter garantido “os pontinhos que faltaram” para a vitória da petista no primeiro turno. No encontro com duas dezenas de líderes religiosos, incluindo representantes da igreja católica carismática, Dilma reafirmou a sua posição pessoal contrária ao aborto e negou publicamente que tivesse dito a frase sobre Cristo.
- Se tivéssemos apagado o incêndio no primeiro momento, o resultado seria outro – disse Manoel Ferreira.
O pastor preside um dos ramos da maior igreja evangélica pentecostal do Brasil (de acordo com o Censo de 2.000, 8,4 milhões de fiéis), enquanto Rodovalho diz contar com um rebanho de 1 milhão de pessoas na Sara Nossa Terra. Ele disse que a onda de boatos tentou resgatar “a imagem do passado” de Dilma, associando-a de forma terrorista ao desprezo aos valores cristãos. Segundo ele, “todo mundo” na igreja tomou conhecimento dos boatos.
- Foi coisa montada. A internet passou a ser um veículo do submundo da política.
Embora associe o bom desempenho de Marina Silva (PV) a uma série de fatores, o professor Cesar Romero Jacob, autor de estudos sobre a geografia do voto e a filiação religiosa no Brasil, disse que a questão religiosa contribuiu para o sucesso da candidata verde. Entre outras razões, Cesar disse que os pentecostais têm demonstrado, nas últimas eleições, uma tendência a votar em “irmãos” como Marina, que também pertence à Assembleia de Deus. Em pesquisas anteriores, o cientista político detectara essa tendência na eleição presidencial de 2002, quando o evangélico Anthony Garotinho ficou em terceiro lugar, e de Marcelo Crivella, quando disputou a prefeitura carioca em 2004.
- Os mapas de votação de Garotinho e Crivella praticamente se sobrepõem à distribuição geográfica dos pentecostais no Brasil, principalmente nas áreas de fronteira e na periferia pobre das grandes cidades, e no Rio.
Cesar lembrou que o governador eleito Geraldo Alckmin (SP), candidato pelo PSDB a presidente em 2006, também sofreu semelhante onda de boataria, que o classificava como um representante da Opus Dei, entidade católica considerada
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